sexta-feira, 27 de maio de 2016

INFÂNCIA ROUBADA (soneto)


*cemitério São Bento / Araraquara-SP



INFÂNCIA ROUBADA

Asas cortadas, tiradas, perdidas
Infância roubada, abertas feridas
Antes do tempo, menarca ainda
Antes do tempo, tão cedo barriga


Estudo e brinquedo, nem sombra ou hálito
Apelo, desejo, consumo fálico
Família não viu, o corpo cedeu
Mais uma criança fugiu com morpheu


Do ninho saltou, sem asas formadas
Da escola deixou lacunas sangradas
A vida chegou tão cedo do nada

O corpo não segurou, despencou no mar Egeu
Nem semente, nem vida... Agora...
Só resta a ausência “do-eu”.


(Heterônimo/pseudônimo: André Buena Muerte)





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