sexta-feira, 15 de julho de 2016

CEMITÉRIOS



CEMITÉRIOS

Para muitos é mero repositório
de resíduos, saudades, lamentos e tormentos humanos
Para outros, memorial de tristeza profunda e insana
Mas para mim, tem função divina e profana

Jaz sobre os ossos fértil terra
Para sombria e reluzente imaginação
Para muitos o fim, pra mim, só o início
Do primeiro dia da criação

Como Shelley, ando pelas tumbas, profanando histórias
Coletando e costurando pedaços, misturando memórias
Como Quixote, vejo moinhos de vento virar gigantes

Com o sopro de minha tinta e a lira de minha voz
Tal qual Orfeu, recupero de Hades a vida subtraída
E desta vez será imortal, jamais restará corroída.

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