Saudações! Bem-vindo ao meu planeta, caro internauta! Aqui, neste "blogmundo", você encontrará os mais exóticos espécimes de gêneros textuais! Alguns são divertidos, outros emocionantes! Outros, porém, podem abrir tua mente e mostrar que educação, informação, diversão e cultura podem conviver harmoniosamente em um mesmo espaço ou por todo o universo! Além de textos de minha própria autoria, você encontrará textos de autores consagrados também! (Contato: profirmeza@gmail.com)
sexta-feira, 15 de julho de 2016
A PROSA DAS CAVEIRAS
A PROSA DAS CAVEIRAS
No velho condomínio São Bento
Meia noite e meia
Duas caveiras proseiam
Sobre assuntos banais, coisas passageiras
Menina, no velório tá uma choradeira
O presunto era bem famoso na gafieira
Vai deixar saudades na noite brejeira
E muita cama fria de viúva e solteira
Azar dos vivos, loteria dos mortos!
Cadáver vistoso, cheio de vermes viscosos
Agora é nosso! Nosso não! Eu vi primeiro!
Vermes não devoram sonhos
Vontades a morte não enclausura
Desejos não têm sepultura
CEMITÉRIOS
CEMITÉRIOS
Para muitos é mero repositório
de resíduos, saudades, lamentos e tormentos humanos
Para outros, memorial de tristeza profunda e insana
Mas para mim, tem função divina e profana
Jaz sobre os ossos fértil terra
Para sombria e reluzente imaginação
Para muitos o fim, pra mim, só o início
Do primeiro dia da criação
Como Shelley, ando pelas tumbas, profanando histórias
Coletando e costurando pedaços, misturando memórias
Como Quixote, vejo moinhos de vento virar gigantes
Com o sopro de minha tinta e a lira de minha voz
Tal qual Orfeu, recupero de Hades a vida subtraída
E desta vez será imortal, jamais restará corroída.
EFÊMERA EPIFANIA
EFÊMERA EPIFANIA
Quando as veias de minha fronte
engrossaram, estufaram, saltaram...
quando a última gota de vinho
chegou ao gargalo... pensei
Seria stress somente
ou seria a foice da morte
roçando minha mente
dizendo que nada é pra sempre?
A vida é curta demais pra soltar pião
Longa demais pra ganhar o pão
Insuficiente demais para a degustação
Que cada minuto não seja em vão
Se não for prazer, que seja lição
Há muito a viver, não há tempo pra lamentação
quarta-feira, 13 de julho de 2016
NEOFEUDALISMO
NEOFEUDALISMO
Com bela retórica e eloquentes discursos vazios
Eles acenam, dão sorrisos, beijam crianças e vão tecendo fios
Prometem ambrosia, néctar e, do Olimpo, a sagrada chama
Pedindo em troca apenas um voto de nossa confiança!
Porém, depois da eleição, parasitas corroem a nação!
Arrancam o nosso fígado, roubam a esperança, estrangulam crianças.
Nos dão as costas, só enxergam o próprio umbigo fedendo a bosta!
Prometeu se apagou, só sobraram Dorian Gray, Fausto e Narciso.
E agora Narciso se afoga de vez
em um mar de lama
e estupidez
Esta estirpe maldita
que o povo elegeu
reedita o sistema feudal outra vez.
AS GÓRGONAS DE POMPEIA
AS GÓRGONAS DE POMPEIA
É difícil respirar
em uma atmosfera
onde um bando de feras
vivem a conspirar
É difícil realizar
em um lago mergulhar
onde um bando de porcos
vivem a chafurdar
Górgonas petrificam egrégoras
Corações, intenções, instituições viram pedras
Tudo vira massa, número, título e moeda
Heróis míticos, inimigos reais
Onde estão Perseu, Hércules e Ulisses?
Nas sombras celulares cortejando o apocalipse
(* aos neossenhores feudais que o povo elegeu)
terça-feira, 12 de julho de 2016
RECEITA PARA CORTAR TRISTEZA
(foto: cemitério São Bento 2016 - acervo pessoal)
RECEITA PARA CORTAR TRISTEZA
Cortar o corpo para sarar a alma perdida
Nada adianta esta empreitada lida.
Engana-se quem se faz de velha parca desfiando tendões
Tentando, assim, com dores, aplacar abertas feridas
Decretar morte ao corpo, extinguindo a vida
Destruir o concreto para eliminar o abstrato
Matar o amigo para atingir o inimigo, ações vãs!
Sangrias não levam à Shangri-Lá! Nem a doces maçãs!
O único meio é alterar a vibração, a frequência
É transformar a dor em arte, mudar melodias, cadências
Inverter polaridades, preencher de amor as ausências
Pegue, então, tua tristeza, fúria ou rancor
Jogue-os no papel com as tintas do rio Lete
E tuas lágrimas transformar-se-ão no sorriso de Pigmalião.
*para meus shining students
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